quinta-feira, 14 de julho de 2011

Conceito


O QUE É ?

Doença provocada pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina, que leva a sintomas agudos e a complicações crônicas características.
O distúrbio envolve o metabolismo da glicose, das gorduras e das proteínas e tem graves conseqüências tanto quando surge rapidamente como quando se instala lentamente. Nos dias atuais se constitui em problema de saúde pública pelo número de pessoas que apresentam a doença, principalmente no Brasil.
Apresenta diversas formas clínicas, sendo classificado em:
Diabetes Mellitus tipo I:
Ocasionado pela destruição da célula beta do pâncreas, em geral por decorrência de doença auto-imune, levando a deficiência absoluta de insulina.
Diabetes Mellitus tipo II:
Provocado predominantemente por um estado de resistência à ação da insulina associado a uma relativa deficiência de sua secreção.
Outras formas de Diabetes Mellitus:
quadro associado a desordens genéticas, infecções, doenças pancreáticas, uso de medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas.
Diabetes Gestacional:
Circunstância na qual a doença é diagnosticada durante a gestação, em paciente sem aumento prévio da glicose.





Como se desenvolve



Conforme pode ser observado no item acima (formas clínicas), são várias as causas do DM.
No DM tipo I, a causa básica é uma doença auto-imune que lesa irreversivelmente as células pancreáticas produtoras de insulina (células beta). Assim sendo, nos primeiros meses após o início da doença, são detectados no sangue dos pacientes, diversos anticorpos sendo os mais importantes o anticorpo anti-ilhota pancreática, o anticorpo contra enzimas das células beta (anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico - antiGAD, por exemplo) e anticorpos anti-insulina.
No DM tipo II, ocorrem diversos mecanismos de resistência a ação da insulina, sendo o principal deles a obesidade, que está presente na maioria dos pacientes.
Nos pacientes com outras formas de DM, o que ocorre em geral é uma lesão anatômica do pâncreas, decorrente de diversas agressões tóxicas seja por álcool, drogas, medicamentos ou infecções, entre outras.

Sintomas e diagnóstico





O QUE SE SENTE ?

Os sintomas do DM são decorrentes do aumento da glicemia e das complicações crônicas que se desenvolvem a longo prazo.
Os sintomas do aumento da glicemia são: 
 
·           sede excessiva
·          aumento do volume da urina,
·          aumento do número de micções
·          surgimento do hábito de urinar à noite
·         fadiga, fraqueza, tonturas
·          visão borrada
·      aumento de apetite
·        perda de peso.
Estes sintomas tendem a se agravar progressivamente e podem levar a complicações severas que são a cetoacidose diabética (no DM tipo I) e o coma hiperosmolar (no DM tipo II).
Os sintomas das complicações envolvem queixas visuais, cardíacas, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurológicas, dermatológicas e ortopédicas, entre outras.

COMO O MÉDICO FAZ O DIAGNÓSTICO ?
O diagnóstico pode ser presumido em pacientes que apresentam os sintomas e sinais clássicos da doença, que são: sede excessiva, aumento do volume e do número de micções (incluindo o surgimento do hábito de acordar a noite para urinar), fome excessiva e emagrecimento. Na medida em que um grande número de pessoas não chega a apresentar esses sintomas, durante um longo período de tempo, e já apresentam a doença, recomenda-se um diagnóstico precoce .
O diagnóstico laboratorial do Diabetes Mellitus é estabelecido pela medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12 horas. Em decorrência do fato de que uma grande percentagem de pacientes com DM tipo II descobre sua doença muito tardiamente, já com graves complicações crônicas, tem se recomendado o diagnóstico precoce e o rastreamento da doença em várias situações. O rastreamento de toda a população é porém discutível.

Fatores de Risco para o Diabetes Mellitus
Existem situações nas quais estão presentes fatores de risco para o Diabetes Mellitus, conforme apresentado a seguir: 
 
·       Idade maior ou igual a 45 anos
·           História Familiar de DM ( pais, filhos e irmãos)
·         Sedentarismo
·          HDL-c baixo ou triglicerídeos elevados
·         Hipertensão arterial
·           Doença coronariana
·          DM gestacional prévio
·       Filhos com peso maior do que 4 kg, abortos de repetição ou morte de filhos nos primeiros dias de vida
·    Uso de medicamentos que aumentam a glicose ( cortisonas, diuréticos tiazídicos e beta-bloqueadores).








Tratamento e prevenção.


Objetivos do Tratamento:


Os objetivos do tratamento do DM são dirigidos para se obter uma glicemia normal tanto em jejum quanto no período pós-prandial, e controlar as alterações metabólicas associadas.


TRATAMENTO

O tratamento do paciente com DM envolve sempre pelos menos 4 aspectos importantes:

Plano alimentar:
É o ponto fundamental do tratamento de qualquer tipo de paciente diabético. O objetivo geral é o de auxiliar o indivíduo a fazer mudanças em seus hábitos alimentares, permitindo um controle metabólico adequado. Além disso, o tratamento nutricional deve contribuir para a normalização da glicemia, diminuir os fatores de risco cardiovascular, fornecer as calorias suficientes para manutenção de um peso saudável, prevenir as complicações agudas e crônicas e promover a saúde geral do paciente. Para atender esses objetivos a dieta deveria ser equilibrada como qualquer dieta de uma pessoa saudável normal, sendo individualizada de acordo com as particularidades de cada paciente incluindo idade, sexo, situação funcional, atividade física, doenças associadas e situação sócioeconômico-cultural.

Composição do plano alimentar:

A composição da dieta deve incluir 50 a 60% de carboidratos, 30% de gorduras e 10 a 15% de proteínas. Os carboidratos devem ser preferencialmente complexos e ingeridos em 5 a 6 porções por dia. As gorduras devem incluir no máximo 10% de gorduras saturadas, o que significa que devem ser evitadas carnes gordas, embutidos, frituras, laticínios integrais, molhos e cremes ricos em gorduras e alimentos refogados ou temperados com excesso de óleo. As proteínas devem corresponder a 0,8 a 1,0 g/kg de peso ideal por dia, o que corresponde em geral a 2 porções de carne ao dia. Além disso, a alimentação deve ser rica em fibras, vitaminas e sais minerais, o que é obtido pelo consumo de 2 a 4 porções de frutas, 3 a 5 porções de hortaliças, e dando preferência a alimentos integrais. O uso habitual de bebidas alcoólicas não é recomendável, principalmente em pacientes obesos, com aumento de triglicerídeos e com mau controle metabólico. Em geral podem ser consumidos uma a duas vezes por semana, dois copos de vinho, uma lata de cerveja ou 40 ml de uísque, acompanhados de algum alimento, uma vez que o álcool pode induzir a queda de açúcar (hipoglicemia).

Atividade física:

 Todos os pacientes devem ser incentivados à pratica regular de atividade física, que pode ser uma caminhada de 30 a 40 minutos ou exercícios equivalentes. A orientação para o início de atividade física deve incluir uma avaliação médica adequada no sentido de avaliar a presença de neuropatias ou de alterações cardio-circulatórias que possam contra-indicar a atividade física ou provocar riscos adicionais ao paciente.

Medicamentos, Hipoglicemiantes orais:
São medicamentos úteis para o controle de pacientes com DM tipo II, estando contraindicados nos pacientes com DM tipo I. Em pacientes obesos e hiperglicêmicos, em geral a medicação inicial pode ser a metformina, as sultoniluréias ou as tiazolidinedionas. A insulina é a medicação primordial para pacientes com DM tipo I, sendo também muito importante para os pacientes com DM tipo II que não responderam ao tratamento com hipoglicemiantes orais.

Rastreamento:
O rastreamento, a detecção e o tratamento das complicações crônicas do DM deve ser sempre realizado conforme diversas recomendações. Essa abordagem está indicada após 5 anos do diagnóstico de DM tipo I, no momento do diagnóstico do DM tipo II, e a seguir anualmente. Esta investigação inclui o exame de fundo de olho com pupila dilatada, a microalbuminúria de 24 horas ou em amostra, a creatinina sérica e o teste de esforço. Uma adequada analise do perfil lipídico, a pesquisa da sensibilidade profunda dos pés deve ser realizada com mofilamento ou diapasão, e um exame completo dos pulsos periféricos dever ser realizada em cada consulta do paciente. Uma vez detectadas as complicações existem tratamentos específicos.

COMO SE PREVINE ?

A prevenção do DM só pode ser realizada no tipo II e nas formas associadas a outras alterações pancreáticas. No DM tipo I, na medida em que o mesmo se desenvolve a partir de alterações auto-imunes, essas podem ser até mesmo identificadas antes do estado de aumento do açúcar no sangue. Esse diagnóstico precoce não pode ser confundido porém com prevenção, que ainda não é disponível.
No DM tipo II, na medida em que uma série de fatores de risco são bem conhecidos, pacientes que sejam portadores dessas alterações podem ser rastreados periodicamente e orientados a adotarem comportamentos e medidas que os retire do grupo de risco.
Assim é que pacientes com história familiar de DM, devem ser orientados a: 

·          manter peso normal
·           praticar atividade física regular
·           não fumar
·         controlar a pressão arterial
·   evitar medicamentos que potencialmente possam agredir o pâncreas (cortisona, diuréticos tiazídicos)
Essas medidas, sendo adotadas precocemente, podem resultar no não aparecimento do DM em pessoa geneticamente predisposta, ou levar a um retardo importante no seu aparecimento e na severidade de suas complicações.

Dados estatisticos no Brasil

Dados Recentes Reacendem a Polêmica Sobre o Número de Pessoas com Diabetes no Brasil

Na falta de estudos comparativos mais recentes, autoridades de saúde tendem a subestimar o tamanho real da população de portadores de diabetes no país.
O Estudo Multicêntrico sobre a Prevalência do Diabetes Mellitus no Brasil, também conhecido como “Censo Brasileiro de Diabetes”, foi um marco histórico na medicina preventiva brasileira. Sob o comando de Reginaldo Albuquerque, no CNPq, e de Geniberto Paiva Campos, no Ministério da Saúde, o Censo de Diabetes teve a coordenação técnica de Laércio Joel Franco e Maria Inês Schmidt, contando com a colaboração de um grupo assessor do qual tivemos a honra de participar, juntamente com Domingos Malerbi, Adolpho Milech, Luciano Almeida, Laurenice Pereira Lima, José Bernardo Peniche e Corina Costa Braga.

A prevalência do diabetes foi avaliada, no período de 1986 e 1988, em nove capitais brasileiras (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife, João Pessoa, Fortaleza e Belém), através de medidas diretas de glicemias realizadas em domicílios sorteados ao acaso, dentro das mais rígidas normas da metodologia estatística. A prevalência, detectada na faixa etária de 30 a 69 anos, foi de 7,6% para o diabetes e outros 7,8% para a tolerância diminuída à glicose, hoje conhecida como “pré-diabetes”. O estudo foi publicado no Diabetes Care, por Domingos Malerbi e Laércio Franco, em nome do Comitê Assessor do projeto.

Mais tarde, no período de setembro de 1996 e novembro de 1997, ou seja, cerca de 10 anos após o Censo Brasileiro de Diabetes, uma equipe de pesquisadores de Ribeirão Preto conduziu um novo estudo sobre prevalência de diabetes e de tolerância diminuída à glicose na população daquele município, utilizando exatamente a mesma metodologia do Censo Brasileiro de Diabetes, o que permite comparações válidas entre ambos os estudos. Os dados de Ribeirão Preto mostraram uma prevalência de 12,1% de diabetes e de 7,7% de tolerância diminuída à glicose na faixa etária de 30 a 69 anos, ou seja, um aumento de 59% na prevalência de diabetes e a manutenção de prevalência equivalente de tolerância diminuída à glicose, quando esses dados são comparados com os resultados do Censo Brasileiro de Diabetes.

A pergunta de 1 bilhão de dólares, no momento, é a seguinte: qual a verdadeira dimensão do número de portadores de diabetes no Brasil? As autoridades de saúde trabalham com estimativas bastante conservadoras, estimando essa população em 5 milhões de pessoas, incluindo os
 diagnosticados e os não diagnosticados. Ressalte-se que, em qualquer estimativa de prevalência, sempre haverá uma subpopulação de não diagnosticados, cujo percentual oscila entre 40% e 60% ou até mais da população avaliada.
 Para a população de 30 a 69 anos, que inclui hoje cerca de 38% da população brasileira, o Censo Brasileiro de Diabetes mostrou uma prevalência de 7,6%, enquanto que o estudo de Ribeirão Preto mostrou uma prevalência de 12,1%. Afinal de contas, onde estaria a cifra verdadeira?
Estudos conduzidos pelo Centers for Disease Control and Prevention mostraram que, no período entre 1990 e 2005, a prevalência total de diabetes aumentou dramaticamente na velocidade de 4,6% ao ano, como mostra a figura 1. Aplicando-se essa taxa de crescimento na prevalência aos dados do Censo Brasileiro de Diabetes de 1986-88, chegaríamos, hoje, a uma prevalência estimada de 14,92% para a faixa etária de 30 a 69 anos, o que equivaleria a um aumento de nada menos que 96.3%. Um estudo avaliou o aumento da prevalência do diabetes na Austrália, em pessoas com mais de 15 anos, tendo mostrado que, entre 1991 e 2003, houve um aumento de 91% nessa prevalência.
Figura 1 – O aumento significativo de 120% na prevalência de casos diagnosticados de diabetes no período de 1980 a 2005. Ressalte-se o significativo aumento na velocidade de crescimento dessa prevalência a partir de 1990, intensificando-se a partir de 1995.

Em estudo publicado no Diabetes Care, em 2004, Sarah Wild e colaboradores consideraram o estudo brasileiro de prevalência do diabetes como padrão de referência para as estimativas de prevalência da doença nos seguintes países: Argentina, Chile, Cuba, México, Uruguai e Venezuela. Esse fato demonstra não apenas o extremo rigor técnico e metodológico do Censo Brasileiro de Diabetes, mas também ressalta o fato de que estudos de prevalência realizados nesses países não seguiram as melhores práticas metodológicas para merecerem credibilidade em relação aos seus resultados. 

Não sabemos em que bases, mas o estudo de Sarah Wild afirma que, no ano 2000, a população total de portadores de diabetes no Brasil foi estimada em 4,6 milhões de pessoas, ocupando o oitavo lugar entre os países de maior prevalência de diabetes no mundo. Para 2030, a previsão é de que o Brasil atinja uma população de 11,3 milhões de pessoas, subindo para o sexto lugar nessa lista[5].

Frente a todas essas evidências de dados de estudos clínicos e de estimativas de prevalência, não resta dúvida de que a estimativa oficial da população de 5 milhões de pessoas com diabetes no Brasil, incluindo diagnosticados e não diagnosticados, certamente não reflete nossa realidade. Na falta de dados mais precisos e mais recentes da prevalência de diabetes no Brasil, consideramos que a cifra de 12% apontada pelo estudo de Ribeirão Preto para a faixa etária de 30 a 69 anos seja, provavelmente, a que melhor reflete nossa situação atual.

Como Estimar o Número de Pessoas com Diabetes no Brasil

A matriz de cálculo, apresentada na figura 2, mostra como fazer a estimativa da população total de pessoas com diabetes no Brasil, nos estados ou nos municípios, bastando apenas conhecer o tamanho da população nacional, estadual ou municipal. Essa matriz de cálculo considera a distribuição da população total em 3 faixas etária distintas: abaixo de 30 anos (58%), entre 30 e 69 anos (38%) e acima de 69 anos (4%) e as respectivas prevalências nessas 3 faixas etárias, ou seja, prevalência de 0,1% na faixa etária abaixo de 30 anos, de 12%  na faixa etária de 30 a 69 anos (cifra correspondente ao estudo de Ribeirão Preto) e de 20% na faixa etária acima de 69 anos. Para o cálculo das populações estimadas de pessoas com diabetes em estados ou municípios, basta colocar na matriz a população estadual ou municipal e aplicar os índices mencionados na figura 2.

Resumo e Conclusões

O conhecimento do número de portadores de diabetes de uma determinada população é de fundamental importância para a quantificação do problema e para o planejamento das ações de saúde e dos investimentos necessários para enfrentar a doença. Infelizmente, em função da não disponibilidade de dados atualizados e confiáveis de estudos epidemiológicos com metodologia adequada, resta-nos apelar para estimativas, com base no conjunto de dados derivados de estudos nacionais e internacionais sobre o assunto. Exatamente por se tratar de estimativas, o profissional de saúde deve utilizar seu melhor julgamento para avaliar a questão. O que deve ser evitado a todo custo é a utilização de estimativas pouco ou nada fundamentadas em fontes confiáveis das avaliações epidemiológicas disponíveis. Afinal de contas, esta também é apenas uma estimativa e, como tal, sujeita a críticas.


Figura 2 – Matriz de cálculo para estimativa da população nacional, estadual ou municipal, tomando-se como exemplo a população total brasileira de 184 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE referentes a dezembro de 2007.


De acordo com o Vigitel 2007 (Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis), a ocorrência média de diabetes na população adulta (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de pessoas que confirmaram ser portadoras da doença. 

A prevalência aumenta com a idade: o diabetes atinge 18, 6% da população com idade superior a 65 anos. Veja gráficos abaixo:



Dados estatisticos no mundo.

Dados Estatísticos Diabetes tipo 2

Houve um grande crescimento no número de casos de diabetes tipo 2 em todo o mundo. Em 1985, era estimado haver 30 milhões de pessoas com diabetes. Em 1995, esse número já ultrapassava os 150 milhões. De acordo com as estatísticas da IDF (International Diabetes Federation), atualmente o número já supera os 250 milhões. Se nenhuma atitude eficiente de prevenção for feita, a IDF estima que o número total de pessoas com diabetes em 2025 alcançará os 380 milhões. Já odiabetes tipo 1 não pode ser prevenido. Mesmo assim, a cada ano aumentam os casos registrados.

Veja dados estatísticos da IDF:
·         Estima-se que metade das pessoas com diabetes desconheça a própria condição. Em países em desenvolvimento, essa estimativa chega a 80%;
·         Estudos mostram que exercícios físicos e dieta equilibrada previnem 80% dos casos de diabetes tipo 2;
·         Pessoas com diabetes tipo 2 têm o dobro de chances de sofrer um ataque cardíaco;
·         Até 2025, o maior aumento na incidência do diabetes está previsto para os países em desenvolvimento;
·         Em 2007, os cinco países com os maiores números de pessoas com diabetes eram: Índia (40,9 milhões), China (39,8 milhões), Estados Unidos (19,2 milhões), Rússia (9,6 milhões) e Alemanha (7,4 milhões);
·         Em 2007, os cinco países com a maiores prevalência de diabetes na população adulta eram Nauru (30,7%), Emirados Árabes Unidos (19,5%), Arábia Saudita (16,7%), Bahrein (15,2%) e Kuwait (14,4%);
·         A cada ano 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes;
·         A cada ano 3,8 milhões de mortes são atribuídas ao diabetes. Um número maior de mortes provenientes de doenças cardiovasculares pioradas por desordens lipídicas relacionadas ao diabetes e por hipertensão;
·         A cada 10 segundos uma pessoa morre de causas relacionadas ao diabetes;
·         A cada 10 segundos duas pessoas desenvolvem diabetes;
·         O diabetes é a quarta maior causa mundial de morte por doença;
·         O diabetes é a maior causa de falência renal em países desenvolvidos e é a maior responsável por grandes custos de diálise;
·         O diabetes tipo 2 se tornou a causa mais freqüente de falência renal nos países ocidentais. As incidências registradas variam entre 30% e 40%em países como Alemanha e EUA;
·         10 a 20% das pessoas com diabetes morrem de falência renal;
·         É estimado que mais de 2,5 milhões de pessoas no mundo estão afetadas pela retinopatia diabética;
·         A retinopatia diabética é a maior causa de perda de visão de adultos em idade laboral (20 a 60 anos) em países com indústrias;
·         Em média, pessoas com diabetes tipo 2 têm sua expectativa diminuída em 5 a 10 anos em relação a pessoas sem diabetes, principalmente por causa de doenças cardiovasculares;
·         As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no diabetes, respondendo por 50% das fatalidades e por muitas inaptidões;
·         Pessoas com diabetes tipo 2 estão cerca de duas vezes mais suscetíveis a um ataque cardíaco ou derrame do que as que não tem diabetes. Na verdade, pessoas com diabetes tipo 2 são tão suscetíveis a um ataque cardíaco quanto pessoas sem diabetes que já tiveram um ataque. 

O perfil dos indivíduos com diabetes

Estudo feito para avaliar o perfil dos pacientes com diabetes e a abordagem fisioterapêutica

O número de indivíduos diabéticos está aumentando devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, à maior urbanização, à crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como à maior sobrevida do paciente com diabetes mellitus (SBD, 2007). Observa-se também uma crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens.
Se há um aumento do número de diabéticos, o custo público com o tratamento, recuperação e manutenção da doença também torna-se maior.
Partindo do fato de que é alta a prevalência do diabetes mellitus e é uma das doenças que mais gera hospitalizações no país, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil dos indivíduos com diabetesmellitus internados por lesões sistêmicas e os principais procedimentos fisioterapêuticos realizados em um hospital público da região do Vale do Sinos/RS.

Materiais e métodos

    O estudo foi de característica descritiva, quantitativa e transversal. Foram incluídos no estudo todos os prontuários dos indivíduos internados no hospital público da região do Vale dos Sinos, no período de julho a setembro de 2008, e que no prontuário constava que eram diabéticos; totalizando uma amostra de 20 prontuários.
    O instrumento utilizado para esta pesquisa foi um formulário de coleta de dados, a fim de obter o máximo de informações sobre o perfil dos indivíduos portadores de diabetes.
    Para atender os objetivos desta pesquisa, após a tabulação dos dados, estes foram submetidos à estatística descritiva mediante cálculo de freqüência simples, média, desvio padrão e percentual.
Resultados e discussão

1.     Tipo de diabetes mellitus

    Houve na amostra a incidência de 5% de diabetes tipo 1 e 95% de diabetes tipo 2, o que é confirmado pelo SBD (2007) que diz que o diabetes mellitus tipo 1 está presente em 5% dos casos de diabetes.
    No estudo realizado por Ferreira et al. (2007), dos indivíduos com diabetes mellitus, 5 a 10% apresentavam diabetes tipo 1 e aproximadamente 90% dos casos possuíam diabetes tipo 2 e que 
complicações desta patologia comprometem a qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos.

2.     Idade

    No Gráfico 1 foram apresentadas as idades dos pacientes internados com diabetes mellitus.



Conforme os resultados obtidos na amostra, a média de idade geral foi de 61,9 anos, com desvio padrão de 15,6 anos.
    Para os pacientes com diabetes mellitus tipo 2, a média de idade foi de 63,7 anos, com desvio padrão de 13,5 anos. Verificou-se que 78,9% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 possuem idade superior a 50 anos, de acordo com os estudos de Damiani (2000), Paiva (2001), OMS (1999) e SBD (2007) que relatam que a diabetes tipo 2 ocorre com maior freqüência nas pessoas com mais de 30 anos de idade. No estudo de Pinto e Moretto (2004), a faixa etária predominante apresentou uma média de 60 anos, aproximadamente.

3.     Gênero

Da amostra total, 35% dos indivíduos eram do gênero feminino e 65% do gênero masculino. Considerando o tipo de diabetes, houve predominância do gênero masculino, sendo que no diabetes tipo II foram 63,2% dos casos e no tipo 1 100% dos casos.
    Pinto e Moretto (2004) apontaram que o maior acometimento é no sexo feminino. Já estudos como o de Gamba et al. (2004) mostraram prevalência maior da patologia no sexo masculino. Assim, parece não haver um consenso na literatura sobre a maior predominância do gênero em relação ao diabetes.

4.     Estilo de vida

    Neste estudo, verificou-se que os hábitos de vida como o tabagismo, etilismo e a prática exercícios físicos são importantes.




 No que se refere ao tabagismo, verificou-se que 70% dos pacientes são tabagistas. Destes 21,4% são do gênero feminino e 78,6% masculino. Estudos referem que o tabagismo é freqüentemente associado a população portadora de diabetes mellitus tipo 2, sendo este o tipo mais comum (OLIVEIRA et al., 2008). Também observamos na amostra, que deste alto índice de tabagistas encontrado, 78,6% são do sexo masculino. Este estudo ainda enfatiza que o tabagismo é um fator predisponente às complicações crônicas do diabetes mellitus. Refere-se ainda que o tabagismo possa causar tanto prejuízo independente quanto associado a outros fatores de risco.
    
    Da amostra total 40% são etilistas, o que é um fator de determinante de diabetes mellitus decorrente de pancreatite crônica, sendo que houve um achado de 7,2% dos casos de um estudo realizado por Jorge et al. (1999). Também observamos que há um predomínio de etilismo no gênero masculino, com 87,5% neste estilo de vida.
    No que se refere ao sedentarismo verificou-se que todos os pacientes eram sedentários, o que, segundo Paiva (2001); OMS (1999) e SBD (2007) são dentre outros, um fator ambiental que favorece o desenvolvimento da diabetes mellitus. Pinto e Moretto (2004) encontraram em seus estudos o sedentarismo presente em 50% da amostra masculina e 70% da amostra feminina dos portadores de diabetes mellitus.
    Verificou-se um predomínio do gênero masculino como sedentários, sendo 65% de pacientes encontrados neste fator de risco. Pinto e Moretto (2004) referem que o exercício físico regular, além de diminuir a glicemia, reduz também fatores de risco das doenças cardiovasculares, por isso, o estilo de vida ativo deve ser incentivado nos pacientes com diabetes mellitus.

5.     Patologias associadas

    Os pacientes internados com diabetes mellitus no período estudado, possuíam patologias associadas. No Gráfico 3 podem ser visualizadas as patologias.


O resultado que mais se evidência entre as patologias associadas é a HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), correspondendo a 95% do total da amostra, o que ocorre também nos estudos de Tavares et al. (2007), onde foi a patologia de maior prevalência na amostra pesquisada com diabetes mellitus, representando 57% da amostra. Nos estudos de Jorge et al. (1999), 51,6% dos pacientes analisados apresentava HAS. Pinto e Moretto (2004) enfatizam que a HAS é identificada como o mais importante risco isolado, tanto de cardiopatia coronária quanto de AVC’s (Acidente Vascular Cerebral) e está intimamente associada ao diabetes.
    Pinto e Moretto (2004) afirmam que, a associação de HAS e diabetes é a principal causa de insuficiência renal no mundo ocidental, sendo que este fato é confirmado neste estudo, pois além de HAS e diabetes, 30% da amostra apresentavam insuficiência renal crônica. Segundo a SBD (2007), a nefropatia diabética é uma complicação crônica do diabetes mellitus, que está associada ao aumento de mortalidade, principalmente com relação a doenças cardiovasculares. A nefropatia diabética é a principal causa de insuficiência renal crônica em pacientes ingressando em programas de diálise em países desenvolvidos.
    A DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) representou 30% da amostra, 20% dos pacientes eram asmáticos e 20% já tiveram um AVC isquêmico. Na amostra analisada 70% eram tabagistas, sendo este um dos principais fatores determinantes da DPOC.
    Oliveira; Valente e Leite (2008) afirmam que a DPOC é uma das principais doenças causadas pelo uso do tabaco. Frownfelter e Dean (2004) associam o DPOC a bronquite crônica e ao enfisema pulmonar. Citando Oliveira; Valente e Leite (2008), os autores ainda enfatizam que futuramente o índice de indivíduos com DPOC na população aumentará, não somente devido ao hábito, mas ao avanço da expectativa de vida. Casagrande (2008) enfatiza que exposição à fumaça do cigarro pode ser um fator predisponente de asma, além de outras doenças alérgicas das vias aéreas.
    A osteoporose representou 5% dos casos neste estudo,. É uma doença relacionada com idade e aos grupos idosos e se aceleram mais rapidamente em mulheres, particularmente após a menopausa.
    A sepsemia é a resposta a bacterimia ou a outros produtos de bactérias no sangue. Anormalidades metabólicas são também achados comuns da sepse. É o fator predisponente mais comum que contribui para a falência orgânica sistêmica múltipla, o que tipicamente envolve a falência de dois ou mais órgãos (ALMEIDA, 1997). Entre os pacientes da amostra estudada, um paciente (5%) tinha esta doença associada ao diabetes.
    A LES (Lupus Eritematoso Sistêmico) é uma doença auto-imune caracterizada pela presença de múltiplos anticorpos que danificam e inflamam os tecidos. A doença afeta os principais sistemas orgânicos. No caso deste estudo, um paciente (5%) tinha esta doença associada ao diabetes.
A cetoacidose diabética é uma condição que o metabolismo em três tecidos importantes (hepático, adiposo e muscular) está convertido em estado catabólico. É uma situação clínica de emergência que se caracteriza por hiperglicemia, desidratação, cetose e acidose metabólica (ALMEIDA, 1997). Neste estudo, o único paciente com cetoacidose era portador do diabetesmellitus tipo 1, o que corrobora com a SBD (2007), considerando esta complicação a de maior incidência nos indivíduos jovens e portadores de diabetes mellitus do tipo 1.

6.     Tipos de lesão

    Os portadores de diabetes mellitus são pacientes mais vulneráveis a uma série de complicações de natureza metabólica e/ou de origem infecciosa, como os processos bacterianos, fúngicos e virais. Junto a essas implicações ocorrem algumas alterações vasculares e neurológicas, que acabam agravando as condições clínicas vigentes, favorecendo ao aumento da morbidade e da mortalidade dos pacientes (MINELLI et al., 2003; SACCO et al., 2008).
    A maioria dos pacientes possui alguma lesão decorrente do diabetes mellitus, ou seja, 60% apresentaram lesões por afecções isquêmicas, renais, podais neuropáticas ou infecção podal cutânea. Outros 40% não apresentaram nenhuma lesão decorrente do diabetes mellitus. Como a HAS não somente pode ser decorrente do diabetes, esta não foi classificada como lesão da diabetes e considerou-se a mesma como patologia associada.
    O Gráfico 4 mostra as lesões devido ao diabetes mellitus que acometeram os 60% dos pacientes.


A lesão mais identificada na amostra estudada foi a lesão por afecção renal, 58,3%. Observou-se que estes mesmos sete pacientes já tinham associados como patologias a insuficiência renal crônica (além de HAS, com exceção do paciente que apresenta cetoacidose), sendo que o motivo internação destes foram: cetoacidose (1 indivíduo), fratura (1 indivíduo), AVC (1 indivíduo) e insuficiência renal crônica (4 indivíduos). Almeida (1997) indica que, independente da idade, 50% dos pacientes com antecedentes de diabetes por 10 a 20 anos de duração, desenvolvem significativa doença renal, o que corrobora com os nossos achados, pois foi a lesão mais ocorrida na amostra analisada, apesar do tempo médio de diagnóstico da doença ser de apenas 2,9 anos, o que não descarta a hipótese da doença ter se desenvolvido há mais tempo sem o conhecimento do paciente.
    As afecções isquêmicas representaram 33,3% da amostra. A SBD (2007) estima que 50% dos portadores de diabetes com mais de 60 anos apresentarão em algum momento afecções isquêmicas. No caso destes quatro pacientes, a idade variou de 54 a 70 anos e tiveram como doenças associadas principalmente o AVC isquêmico e a HAS.
    Identificamos que a afecção podal neuropática e infecção podal cutânea estão relacionadas. Foram acometidos destas lesões 25% pacientes. Segundo Sacco et al. (2008) e a SBD (2007), a afecção podal neuropática, bem como as demais neuropatias diabéticas são freqüentes em 50% dos portadores de diabetes, porém se for realizada uma análise mais aprofundada será encontrado 100% de acometimento neuropático nos portadores de diabetes. Sandoval; Neves e Fachinello (2007) acrescentam que as infecções podais são comuns em diabéticos, sendo as causas mais freqüentes de gangrenas úmidas, podendo levar a amputações.

7.     Procedimentos fisioterapêuticos

    Foram realizados procedimentos fisioterapêuticos em 80% dos pacientes internados. Porém, verificou-se que 20% não tiveram indicação médica para procedimentos fisioterapêuticos, pois estes pacientes apresentavam instabilidade hemodinâmica.
    Os procedimentos fisioterapêuticos dos 80% pacientes estão apresentados no Gráfico 5.


Em 43,8% dos pacientes, a prescrição médica foi para procedimentos fisioterapêuticos respiratórios e motores. Segundo Costa (1999); Machado e Rosa Filho (2002) e Carvalho (2003) serão eleitos no atendimento de fisioterapia os procedimentos adequados conforme as necessidades do paciente.
    Nos resultados obtidos foi encontrado que 37,5% dos atendimentos de fisioterapia tinham prescrição médica para procedimentos respiratórios, isso provavelmente devido ao fato de ter sido encontrado nesta amostra 30% dos pacientes portadores de DPOC e 20% asmáticos, como também ao fato de que a amostra apresentava média de idade acima de 60 anos. Segundo Machado e Rosa Filho (2002) e Slutzky (1997), as funções respiratórias devem ser preservadas, visando prevenir complicações respiratórias em pacientes internados no hospital visando ainda minimizar a retenção de secreção pulmonar, melhorar oxigenação, re-expandir áreas pulmonares atelectásicas ou realizar desinsuflação pulmonar, quando necessário.
    Da amostra analisada, 18,8% dos pacientes tiveram prescrição médica para procedimentos fisioterapêuticos motores. Costa (1999) refere que a fisioterapia tem sido muito utilizada na prevenção de complicações como: prevenção de escaras de decúbito, deformidades articulares e musculares, alívio de dores, edemas, reflexos patológicos e manter funções do paciente.


Considerações finais
    Identificamos uma predominância, entre os pacientes internados, do diabetes tipo II. Entre estes, verificamos um número elevado de pacientes do gênero masculino, com idade superior a 50 anos,
    O número de pacientes tabagistas e etilistas corresponde a maior taxa do gênero masculino. É importante salientar, que todos independentes do gênero, são sedentários, o que está fortemente associado aos fatores de risco do diabetes mellitus.
    A hipertensão constitui um dos principais fatores de risco do diabetes mellitus e neste estudo foi o principal coeficiente das patologias associadas, pois todos tinham HAS, com exceção do portador de diabetes melitus tipo 1. Foram relevantes também a insuficiência renal crônica e o AVC como patologias associadas.
    Referente aos procedimentos fisioterapêuticos dos pacientes com diabetes mellitus observamos que as prescrições médicas atuavam diretamente no motivo de internação do paciente, onde observamos a técnica de fisioterapia respiratória-motora a mais utilizada.
    De acordo com este estudo verificamos que os pacientes internados com diabetes mellitus que tiveram lesões, descompensações agudas e crônicas, obtiveram um atendimento fisioterapêutico que visou o motivo da hospitalização e não ao tratamento das lesões. A partir da análise desse trabalho sugere-se que os profissionais da fisioterapia, além de realizarem seu trabalho atendendo as necessidades relacionadas ao motivo de internação, possam contribuir na prevenção da progressão patológica da lesão e do diabetes mellitus. Há de se considerar a repercussão nas taxas de mortalidade da população e morbidade do diabetes mellitus, além, do alto custo para a sociedade e os recursos financeiros envolvidos no tratamento, na recuperação e na manutenção destes pacientes.